Análise Microbiológica em Aparelhos de Celular de Acadêmicos e Professores da Universidade de Cuiabá (UNIC) Campus Primavera do Leste – MT
DOI:
https://doi.org/10.17921/1415-5141.2019v23n2p105-109Resumo
Rápidos, portáteis e acessíveis, os aparelhos celulares foram incorporados às atividades e rotinas diárias da população. Diante de tal intimidade, esses aparelhos também passaram a se constituir em um meio de crescimento para agentes microbiológicos comensais e acidentais. Medidas de controle como a adoção de boas práticas de higiene são imprescindíveis para a diminuição da carga microbiológica e, por consequência, decréscimo dos riscos de transmissão destes agentes ao homem, principalmente em imunodeprimidos. Dessa forma, o presente trabalho objetivou identificar os micro-organismos presentes em aparelhos celulares de acadêmicos e professores da Universidade de Cuiabá (UNIC), Campus Primavera do Leste – MT, através de amostragens obtidas de 24 aparelhos de telefones celulares de voluntários. Foram realizadas coletas para cada um dos aparelhos celulares disponibilizados pelos voluntários, através de um swab de transporte. Este foi deslizado na parte externa do aparelho, cobrindo toda a área da tela, conectores e alto-falante e, em seguida, inseridos em meio Stuart e remetidos ao laboratório. Do total de amostras coletadas, 19 (79,1%) apresentaram crescimento bacteriano em meio de cultura nutritivo. Os micro-organismos isolados foram Staphylococcus aureus em seis amostras (31,6%), Staphylococcus lugdunensis em outras seis (31,6%), Staphylococcus epidermidis em três (15,8%), Staphylococcus spp. em três (5,8%) e Escherichia coli em uma (5,2%) das amostras. Diante dos resultados obtidos se pôde constatar que os aparelhos celulares podem atuar como meio de multiplicação microbiológica, assim se deve adotar medidas preventivas de higiene e antissepsia das mãos e destes aparelhos, a fim de evitar a proliferação e veiculação de micro-organismos por meio destes.
Palavras-chave: Telefone Celular. Staphylococcus aureus. Escherichia coli.
Abstract
Fast, portable and affordable, mobile phones have been incorporated into the daily activities and routines of the population. Faced with such intimacy, these devices have also become a growth medium for commensal and accidental microbiological agents. Control measures such as the adoption of good hygiene practices are essential to reduce the microbiological load and, consequently, decrease the risks of transmission of these agents to humans, especially in immunosuppressed ones. Thus, the present work aimed to identify the microorganisms present in cell phones of academics and professors of the University of Cuiabá (UNIC), Campus Primavera do Leste - MT, through samples obtained from 24 cell phones of volunteers. The samples were collected for each of the mobile devices made available by the volunteers through a transport swab. This was slid on the external part of the device, covering the entire display area, connectors and speaker, then inserted into Stuart medium and sent to the lab. Of the total samples collected, only 19 (79.1%) showed bacterial growth in nutrient culture medium. Microorganisms isolated from growth media were Staphylococcus aureus in six samples (31.6%), Staphylococcus lugdunensis in six (31.6%), Staphylococcus epidermidis in three (15.8%), Staphylococcus spp. in three (5.8%) and Escherichia coli in one (5.2%) of the samples. Given the results obtained, it can be seen that cell phones can act as a means of microbiological multiplication, so preventive measures of hygiene and antisepsis of hands should be adopted, in order to prevent the proliferation and spread of microorganisms through them .
Keyword: Cell Phone. Staphylococcus aureus. Escherichia coli.
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