Monitoramento da Qualidade Microbiológica Ambiental em Unidade de Alimentação

Autores

  • Pedro Alves Martins Colégio Profissional Técnico de Uberlândia. MG, Brasil. E
  • Héberly Fernandes Braga Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, SP, Brasil. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia Centro. MG, Brasil. http://orcid.org/0000-0003-1951-6982

DOI:

https://doi.org/10.17921/1415-5141.2019v23n2p115-120

Resumo

Restaurantes podem propiciar doenças veiculadas por alimentos, assim, medidas de controle devem ser realizadas. Objetivou-se quantificar coliformes totais, termotolerantes e bactérias heterotróficas mesófilas na superfície da bancada da pia de manipulação, e bioaerossóis fúngicos em unidade de alimentação em uma instituição de ensino, antes e durante o processamento dos alimentos, e após higienização do local de trabalho. As amostras foram colhidas por swab e o ar, pela exposição, durante 15 minutos, de placas de PDA acidificado, em diferentes dias da semana totalizando dezesseis coletas. Coliformes totais (35 ºC, 24/48 h) e termotolerantes (45 ºC, 24 h) foram quantificados por inoculação de diluições seriadas, em caldo VB e EC, respectivamente, e os resultados expressos em NMP/cm2. A contagem de mesófilos (35 °C, 48 h) foi realizada em ágar PCA, e os resultados expressos em UFC/cm2. Os fungos anemófilos cultivados a 25 ºC por sete dias foram expressos em UFC/15 min. Os resultados foram analisados em software ASSISTAT 7.6 betas. Foi verificada contagem > 103NMP/cm2 para coliformes totais durante o processamento, e após higienização, decaimento de 16% em relação à média inicial. Redução de 56,3% foi observada para coliformes termotolerantes. O número de mesófilos se mantiveram ≥ 3 ciclos log, independentemente, do período da coleta (antes, durante ou após processamento). 54,2% das amostras do ar apresentaram altas contagens para fungos (> 50 UFC/15 min.). Os resultados indicam a possível geração de riscos e ocorrência de toxinfecções alimentares. Quando bem realizada, a higienização é eficaz na redução da carga microbiana. Sugere-se melhor monitoramento dos procedimentos realizados pelos manipuladores.

 

Palavras-chave: Aerossóis. Coliformes. Mesófilos.

 

Abstract

Restaurants can provide food-borne diseases, so control measures must be taken. The objective of this study was to quantify total coliforms, thermotolerant bacteria and mesophilic heterotrophic bacteria on the sink basin surface, and fungal bioaerosols in a feeding unit at a teaching institution, before and during food processing, and after cleaning the workplace. Samples were collected by swab and air by exposure for 15 minutes of acidified PDA plates on different days of the week totaling sixteen samples. Total (35°C, 24/48 h) and thermotolerant coliforms (45 °C, 24 h) were quantified by inoculation of serial dilutions in VB and EC broth, respectively, and the results expressed as MLN/cm2. The counts of mesophiles (35 °C, 48 h) were performed on PCA agar and the results expressed in CFU/cm2. Anemophilous fungi cultured at 25°C for seven days were expressed in CFU/15 min. The results were analyzed in ASSISTAT 7.6 betas software. It was verified a count > 103 MLN/cm2 for total coliforms during the processing, and after sanitization, decay of 16% in relation to the initial average. Reduction of 56.3% was observed for thermotolerant coliforms. The number of mesophiles remained ≥ 3 log cycles, regardless of the collection period (before, during or after processing). 54.2% of the air samples had high counts for fungi (> 50 CFU/15 min). The results indicate the possible generation of risks and occurrence of alimentary toxinfections. When properly performed, hygiene is effective in reducing microbial load. It is suggested better procedures monitoring performed by the handlers.

 

Keywords: Aerosols. Coliforms. Mesophiles.

Biografia do Autor

Pedro Alves Martins, Colégio Profissional Técnico de Uberlândia. MG, Brasil. E

Graduado em  Tecnologia de Alimentos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) - Campus Uberlândia (2006-2008) e em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (2006-2011), modalidades licenciatura e bacharelado. Especialista em Ciências Ambientais pelo IFTM - Campus Ituiutaba (2010-2012). Mestre Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos pelo IFTM - Campus Uberaba (2014-2016). Experiência em docência desde 2007 em cursos pré-vestibulares, ensino fundamental, médio e superior; e em microbiologia geral, de alimentos, produção agroindustrial, meio ambiente, segurança alimentar, tratamento biológico de efluentes

Héberly Fernandes Braga, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, SP, Brasil. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia Centro. MG, Brasil.

Doutorando em Microbiologia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP (2017-2021). Mestre em Engenharia e Ciência de Alimentos pela UNESP (2013). Especialista em Biotecnologia e Qualidade em Alimentos pela União Educacional de Minas Gerais (2009). Graduado em Tecnologia em Alimentos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM (2009), em Ciências Biológicas - Bacharelado pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU (2007) e em Ciências Biológicas - Licenciatura pela UFU (2006). Técnico em Patologia Clínica/Biodiagnóstico pela Escola Técnica de Saúde da UFU (2004). Atualmente é professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM. Tem experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos e Biologia Aplicada, com ênfase em Microbiologia, Bioquímica, Biotecnologia, Conservação, Segurança e Análise Sensorial dos Alimentos.

Referências

ANDRADE, N.J. Higiene na indústria de alimentos: avaliação e controle da adesão e formação de biofilmes bacterianos. São Paulo: Varela, 2008.

ANDRADE, N.J.; SILVA, R.M.M.; BRABES, K.C.S. Avaliação das condições microbiológicas em unidades de alimentação e nutrição. Ciênc. Agrotecnol., v.27, n.3, p.590-596, 2003. doi: 10.1590/S1413-70542003000300014.

APA - Agência Portuguesa do Ambiente. Qualidade do ar em espaços interiores: um guia técnico. Amadora: APA, 2009.

ABERC - Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas. Mercado real, 2019. Disponível em: http://www.aberc.com.br/mercadoreal.asp?IDMenu=21. Acesso em: 27 jan. 2019.

BELPHMAN, C. Readequação do layout de uma unidade de alimentação e nutrição hospitalar da cidade de Ponta Grossa – Paraná. Rev. Nutrir, v.1, n.5, 2017.

BEZERRA, I.N. et al. Consumo de alimentos fora do lar no Brasil segundo locais de aquisição. Rev. Saúde. Públ., v.51, n,15, p.1-8, 2017. doi: 10.1590/S1518-8787.2017051006750.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 326 – SVS/MS, 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 de julho de 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicas para controle de produtos de origem animal e água. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2004.

COELHO, A.Í.M. et al. Contaminação microbiológica de ambientes e de superfícies em restaurantes comerciais. Ciênc. Saúde Colet., v.15, supl.1, p.S1597-S1606, 2010. doi: 10.1590/S1413-81232010000700071.

DOORES, S. et al. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 5. ed. Washington: APHA, 2015.

FERRAZ, R.R.N. et al. Investigação de surtos de doenças transmitidas por alimentos como ferramenta de gestão em saúde de unidades de alimentação e nutrição. Rev. Adm. Ciênc. Cont. IDEAU, v.9, p.1-10, 2015.

FONSECA, K.Z.; SANTANA, G.R. Guia prático para gerenciamento de unidade de alimentação e nutrição. Cruz das Almas: UFRB, 2012.

GRIGOREVSKI-LIMA, A.L. et al. Occurrence of actinomycetes in indoor air in Rio de Janeiro, Brazil. Build. Environ., v.41, p.1540-1543, 2006. doi: 10.1016/j.buildenv.2005.06.009.

MILAGRES, R.C.R.M. Bacillus cereus em unidade de alimentação e nutrição: avaliação da contaminação do ar e da superfície de trabalho. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2004.

MORAIS, N.A.R. et al. Avaliação das condições higienicossanitárias de unidades produtoras de refeição na região central de São Paulo. Discipl. Sci., v.17, n.2, p.249-256, 2016.

OLIVEIRA, A.S.S.S. et al. Análise microbiológica de manipuladores e superfícies de manipulação de escolas públicas. Res. Soc. Dev., v.8, n.3, e783830, 2019. doi: 10.33448/rsd-v8i3.830.

SANTOS, A.P.C.; SANTOS, V.F.N. Adequação de estrutura física de unidades de alimentação e nutrição na cidade de São Paulo – SP. Publ. UEPG Ciên. Biol. Saúde, v.22, n.1, p.14-20, 2016. doi: 10.5212/Publ.Biologicas.v.22i1.0002.

SCHERRER, J.V.; MARCON, L.N. Formação de biofilme e segurança de alimentos em serviços de alimentação. Rev. Assoc. Bras. Nutr., v.7, n.2, p.91-99, 2016.

SÃO JOSÉ, J.F.B.; COELHO, A.I.M.; FERREIRA, K.R. Avaliação das boas práticas em unidade de alimentação e nutrição no município de Contagem-MG. Alim. Nutr., v.22, n.3, p.479-487, 2011.

SCUR, M.C. et al. Atividade de desinfetantes a sorotipos de “Salmonella” isolados de granjas avícolas. Rev. Bras. Saúde Prod. Animal, v.17, n.4, 2016. doi: 10.1590/s1519-99402016000400011.

SILVA JUNIOR., E.A. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação. São Paulo: Varela, 2014.

SILVA, N. et al. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo: Blucher, 2017.

STANGARLIN-FIORI et al. Condições higienicossanitárias em serviços de nutrição hospitalar durante período de intervenção. Rev. Int. Adolfo Lutz, v.76, e1728, p.1-7, 2017.

TOMICH, R.G.P. et al. Metodologia para avaliação das boas práticas de fabricação em indústrias de pão de queijo. Ciênc. Tecnol. Alim., v.25, n.1, p.115-120, 2005. doi: 10.1590/S0101-20612005000100019.

VENTER, P.; LUES, J.F.; THERON, H. Quantification of bioaerosols in automated chicken egg production plants. Poult Sci., v.83, n.7, p.1226-1231, 2004. doi: 10.1093/ps/83.7.1226.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2019-12-04

Como Citar

MARTINS, Pedro Alves; BRAGA, Héberly Fernandes. Monitoramento da Qualidade Microbiológica Ambiental em Unidade de Alimentação. UNICIÊNCIAS, [S. l.], v. 23, n. 2, p. 115–120, 2019. DOI: 10.17921/1415-5141.2019v23n2p115-120. Disponível em: https://uniciencias.pgsscogna.com.br/uniciencias/article/view/7244. Acesso em: 3 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos