Governos locais e participação popular em Cuiabá
DOI:
https://doi.org/10.17921/1415-5141.2003v7n1p%25pResumo
O presente artigo analisa a relação que se estabeleceu entre os governos locais e as organizações de bairro em Cuiabá no período de 1986 a 1996. Este período compreende três gestões municipais. A primeira, exercida entre 1986 e 1988, refere-se ao chamado Governo Democrático de Dante de Oliveira (PMDB); a segunda compreende o período de 1989 a 1992 e teve como representante Frederico Campos, da coligação PFL/PL, e a terceira gestão, de 1993 a 1996, tem à sua frente Dante/Cel. Meirelles. Recorremos a depoimentos de representantes das organizações de bairro – dirigentes e ex-dirigentes de associações de moradores, obtidos através de entrevistas; e a fragmentos de discursos dos representantes do poder público e de depoimentos de dirigentes de associações de moradores, extraídos da imprensa escrita. As considerações finais indicam que tanto o governo Dante de Oliveira como o governo Dante/Cel. Meirelles foram estimuladores de processos participativos. Ambos incentivaram a organização dos setores populares e sua participação no governo local, além de enfatizar a importância da participação política da sociedade civil para a conquista da democracia e a cidadania. O reconhecimento das organizações de bairro, pela gestão Dante de Oliveira, no entanto, não significou a extinção dos mecanismos tradicionais de cooptação, tão comuns nos regimes populistas. Já o governo de Frederico Campos caracterizou-se pela indiferença às pressões e manifestações efetuadas pelas organizações de bairro, e pelo não reconhecimento de seus dirigentes como legítimos representantes das reivindicações dos setores populares.